Meu amigos,
Pelo menos o Secretário Nacional de Políticas Públicas de Turismo, teve a coragem de dizer sobre a baixa adesão ao Sistema Brasileiro de Classificação Hoteleira - SBCLASS, a exploração de turismo nos parques nacionais e o turismo náutico, a participação efetiva dos conselheiros nacionais, a informação sistêmica e econômica das variáveis do turismo e principalmente da assinatura do Plano Nacional de Turismo que poderá sair até 31/12/2012, pela presidente Dilma. Vamos então aguardar,
Moacir Durães
Com pouco mais de dois meses à
frente da Secretaria Nacional de Políticas de Turismo, Vinícius Lummertz já tem
uma noção do grande desafio de sua pasta, responsável pelo modelo de gestão
capaz de dar um novo impulso ao Turismo brasileiro. Às vésperas do lançamento
oficial do PNT em Ação, o dirigente reconhece que um dos grandes desafios do
setor está em mensurar os inúmeros benefícios para a economia, e que a seu ver,
não têm sido capazes de transpor a grande distância entre o potencial turístico
do país e os resultados obtidos. Ele cita como exemplo a incapacidade de
explorar com competência o potencial dos parques nacionais e o turismo náutico.
Veja a entrevista, a seguir:
Mercado & Eventos – Durante o
ano se aguardou pelas novas metas do Plano Nacional de Turismo. Quando elas
serão anunciadas e o que terão como prioridade?
Vinícius Lummertz – O programa
está na Casa Civil e deve ser assinado pela presidenta Dilma Rousseff até a
virada deste ano. A ideia é contemplar um primeiro bloco de ações de modo a
estruturar medidas que possam, efetivamente, se traduzir em resultados
econômicos com maior eficiência. O que é mais rentável para ser viável e para
isso o PNT traz um plano estratégico chamado PNT em Ação, de modo a demonstrar
em cada setor como isso irá acontecer. O plano estratégico é que vai dar esse
direcionamento em cada segmento, de modo a comprovar resultados e conquistas.
Já avançamos muito no setor e somos uma potência em termos do Turismo interno.
A prova mais palpável hoje é o Rio de Janeiro que é sem dúvida a grande
alavanca do Turismo internacional e que tem uma nova imagem no exterior e será
importante para que o Brasil alcance um posicionamento melhor no Turismo
mundial.
M&E – Qual a
razão de poucos hotéis terem aderido ao novo sistema de classificação
hoteleira? E que benefícios esse novo modelo de matriz traz para os
estabelecimentos?
Vinícius Lummertz – Reconheço que
o processo não está andando na velocidade esperada. O fato de nos preocuparmos
com a qualidade e de esta ser uma iniciativa voluntária do Governo, o modelo
ainda não teve a adesão que se previa. Vamos, inclusive, formalizar junto ao
Conselho Nacional de Turismo, um pedido para que haja maior mobilização do
trade. A questão é perceber que esse modelo trará benefícios ao hóspede e ao
empresário. Esse reconhecimento é importante pelo peso da medida que é vital
para ambos. Isso passa por um processo de autoconfiança e conscientização, uma
vez que essa matriz dará ao setor maior transferência e qualidade de gestão. A
classificação hoteleira é importante e esperamos que o mercado reconheça a
importância de aderir a esse programa.
M&E – Dentro do modelo de
gestão das políticas de Turismo, o que precisa ser revisto para que o setor
alcance resultados mais eficientes e leve o Turismo a ter maior reconhecimento
de outros setores do Governo e da sociedade?
Vinícius Lummertz – O
reconhecimento dessa atividade é fundamental ainda mais diante de uma
conjuntura econômica afetada pela crise mundial. Temos uma oportunidade única
de manter a economia em níveis razoáveis trabalhando para aumentar a nossa
baixa produtividade. Creio que podemos render mais para o país. Isso é
inegável. Para isso, temos que mudar a legislação e dar andamento aos programas
de desoneração fiscal. Lembro que boa parte dos R$ 8 bilhões envolvidos em
obras de infraestrutura do setor estão em compasso de espera em função de
questões ambientais, de jurisprudência e até no que diz respeito à legislação
vigente. O Turismo interno pode avançar consideravelmente. A verdade é que
estamos muito distantes do nosso grande potencial. Veja o caso dos nossos
parques naturais e o nosso litoral como é pouco explorado. Isso acontece porque
falta ainda uma consciência de que a atividade turística traz inúmeros
benefícios. O modelo bem sucedido do Parque do Iguaçu mostra que o Turismo
doméstico pode ser ampliado. Reconheço que muitas ações envolvem outros setores
da economia. O gasto público imediato prioriza por vezes outros setores em
função de uma maior compreensão da força econômica do Turismo. Quando você tem
dúvidas entre investir numa estrada para um parque ou para um bairro, o
político vai sempre optar pela segunda, pois não é capaz de perceber quanto o
Turismo pode trazer de retorno em divisas para os cofres públicos. O brasileiro
não gosta de fazer contas e prefere ver as coisas pelo lado político e não
econômico.
M&E - Neste contexto, há um
reconhecimento da importância da participação do Conselho Nacional de Turismo,
mas o modelo atual com representantes de quase 70 entidades tem sido criticado.
Qual sua opinião?
Vinícius Lummertz – É preciso que
o setor seja mais eficiente fazendo reformas. Nosso objetivo não é apenas
atender às necessidades do mercado, mas fazer com que o setor demonstre como um
benefício dado a ele irá retornar para a sociedade e se traduzir em resultados.
Há que se reconhecer que avançamos. Acho que estamos prontos para entender a
importância do Turismo no Brasil sob a ótica econômica. A eficiência do Turismo
está em transpor o óbvio para quebrar o torpor existente e transformar em ações
concretas esse novo modelo de gestão que estamos trazendo para a pasta.
Queremos focar nossas ações nas políticas de Turismo por meio de um conjunto de
medidas de comprovada eficiência logística. É importante fazer com que a atividade
turística aconteça, sabendo que isso ultrapassa os limites de ação do
Ministério do Turismo e envolve outros setores do Governo e da sociedade.
Quanto ao modelo de gestão do Conselho, lembro que o Turismo é o setor que tem
o maior conjunto de empresas representativas. Mas existe nesse modelo uma
musculatura maior que o resultado possível de ser alcançado. O que falta, na
verdade, é sair de um segmento que apenas pede ao Governo, para se tornar um
segmento que negocia. Não basta, por exemplo, que os parques temáticos peçam ao
Governo medidas de desoneração do setor, mas que negociem sim uma contrapartida
de investimentos que traga resultados para a economia.
M&E – Como fazer com que o
PIB do Turismo no Brasil cresça a níveis de primeiro mundo?
Vinícius Lummertz – Hoje temos um
PIB que representa 3,7% da economia. Isso pode triplicar, pois temos estados
como Santa Catarina onde esse índice já superou essa marca e chegou a 13,8%. Há
um espaço muito grande para crescer. Hoje o PIB representa R$ 80 bilhões, mas
pode chegar a R$ 240 bilhões. A produtividade é a palavra mais importante para
o nosso país para que tenhamos uma economia rentável. Temos que fazer o trabalho de casa e sermos
eficientes naquilo que nos propomos a realizar. Para isso é fundamental aumentar
a produtividade do trabalhador brasileiro e criar condições para que o
empresário se sinta motivado a investir. Atualmente há um verdadeiro
represamento das iniciativas do setor privado na indústria do Turismo em função
de legislação e dos modelos de jurisprudência. É preciso ampliar as reformas
necessárias.
M&E – Dentro dos projetos que
têm merecido especial atenção está o aproveitamento dos parques naturais pelo
Turismo. Já existe um modelo piloto para isso? E no que se refere ao Turismo
náutico?
Vinícius Lummertz – Estamos
criando um Grupo de Trabalho com o objetivo de medir o impacto do Turismo
nestas áreas verdes. O que não pode acontecer é deixar inexplorados esses
parques. O Brasil tem 10% de áreas naturais onde ficam os parques e mesmo assim
perdemos em volume de turistas para países como Nova Zelândia e Costa Rica na
exploração deste filão. Foz do Iguaçu é o terceiro destino no país e ganha de
várias capitais nordestinas em termos de visitação. Os parques têm um viés
educacional, turístico e ambiental pouco explorado. Precisamos mudar isso. Do
mesmo modo, temos a questão do Turismo náutico. Florianópolis tem um dos
maiores pólos de fabricação de barcos, mas o estado não tem marinas, o que é um
contrassenso. O litoral brasileiro está ainda praticamente inexplorado e não se
pensa em quanto isso poderia gerar em negócios.
Por: Luiz Marcos Fernandes