Meus amigos,
Segue uma avaliação dos baianos sobre a realidade da Copa 2014 no território baiano, e que esta seja de suma importância para o nosso discernimento quanto à hospitalidade profissional...
Moacir Durães
A Copa do Mundo foi bem sucedida,
como se esperava, afinal, o Brasil já havia dado mostras de sua competência
para organizar grandes eventos, principalmente em São Paulo, com o
automobilismo e shows, Rio de Janeiro, com o Rock in Rio e os Jogos Pan Americanos,
e Salvador, com o Carnaval, que mobiliza mais de 20 estádios lotados em cada um
de seus seis dias, com 20 mil policiais fazendo a proteção de foliões e de um
contingente também gigantesco de prestadores de serviços, famosos e
autoridades.
O esquema de segurança afastou o
risco de maiores tumultos causados por manifestações, e as que houveram não
foram suficientes para estragar a festa, desanimar o brasileiro, impedi-lo de
ir aos estádios, torcer, cantar, gritar – chorar algumas vezes, paciência - mas
contagiar o mundo outra vez com sua conhecida, querida e incomparável simpatia. Salvador, com sua vocação
festeira, que é um dos atrativos da cidade, foi brindada com inesquecíveis
partidas, gols, personagens, e uma mistura de povos estrangeiros, brasileiros e
baianos que não se via há muito tempo!
A cada partida, cerca de 100 mil
pessoas circularam entre o Estádio, Farol da Barra, Pelourinho, Rio Vermelho e
Imbuí, cuja noite precisa ser integrada ao circuito turístico da cidade! E a Bahia pode continuar recebendo
a mesma quantidade de pessoas em muitos outros momentos do ano, de diferentes
lugares, propiciando o intercâmbio de culturas através do convívio nesses
lugares e em outros, como as praias, Chapada Diamantina, etc. São muitos os
atrativos no estado, alguns conhecidos internacionalmente, e muitos os
interessados!
Mas, para isto é preciso que haja
profissionalismo institucional também, técnicos que possam auxiliar gestores a
identificar as atrações e os serviços que interessam ao turista, que conheçam o
perfil dos povos que procuram Salvador - brasileiros, argentinos, chilenos,
portugueses, espanhóis, franceses, italianos, alemães, holandeses, norte
americanos, judeus, etc. – que possam indicar o que poderia mantê-los mais
tempo na cidade, e auxiliar no planejamento, administração e fiscalização dos
serviços. Tudo o que não houve na Copa! O atendimento no Brasil foi
literalmente improvisado! Os turismólogos não foram aproveitados e a tal
qualificação de profissionais foi pura falácia!
A experiência de agentes de
viagens, hoteleiros e guias de turismo veteranos garantiu a boa recepção,
apesar de manipulada, em parte, pela própria FIFA, que tem sua operadora e fez
parcerias que acabou deixando muitos profissionais do país sem trabalho. Em Salvador, a Bahiatursa e o
Sindicato de Guias de Turismo da Bahia passaram a intermediar o trabalho de
guias – que são autônomos! - em grandes eventos, como o Carnaval, através de
uma empresa criada para isto, a Check List Soluções, que pagou R$ 2.000,00 por
um mês de trabalho na Copa, enquanto as agências de receptivo tradicionais
pagaram até R$ 500,00 por um dia!
O Sindicato, que depende da
Contribuição Sindical de todos os profissionais do estado, não garante o
trabalho para todos eles nesses eventos, infringe a Lei 8.623, no Art 2º, que
obriga o profissional a ser credenciado no Min. Turismo, aceitando ‘monitores’,
pessoas não credenciadas, inexperientes, que são os indicados e protegidos de
pessoas ligadas ao Turismo, que tiram as poucas opções dos profissionais.
O principal atrativo da cidade, o
Pelourinho, a âncora que atrai turistas que também vão à Mangue Seco, Praia do
Forte, Recôncavo Baiano, Morro de São Paulo, Chapada Diamamntina, etc., foi
abandonado no governo de Jaques Wagner, do PT, é o mais deteriorado dos patrimônios
da humanidade no Brasil, e nem os recursos abundantes para a Copa foi capaz de
sensibilizar gestores e convencê-los a concluir a reforma! Atualmente o lugar é
evitado pelos próprios baianos, e a agressão ao americano em pleno evento não
foi um caso isolado.
O próximo governante terá muito
trabalho para desocupar casarões ameaçados de desmoronamento, realocar
indigentes e delinqüentes que infernizam o Centro da cidade, e garantir o
acesso, segurança e bons serviços. A divulgação dos demais atrativos do estado
também depende do bom atendimento no Centro Histórico. Nenhum hotel novo foi construído
em Salvador para esta Copa! Mas, apesar destas e outras deficiências no
receptivo da cidade, como mobilidade, estacionamento, banheiros públicos, etc.,
perfeitamente corrigíveis, Salvador continua sendo uma cidade atraente,
desejada por pessoas de vários lugares, e importante para a indústria turística
mundial, que a venderia muito mais, caso ela estivesse em melhores condições, e
garantisse bom atendimento, comodidade, e segurança para quem quer vir.
Poucas cidades do mundo,
inclusive entre as mais visitadas - Londres, Paris, Nova Iorque, Barcelona,
Tóquio, etc. – tem identidade tão definida e tantos atrativos como Salvador: 50
km de praias ensolaradas o ano inteiro, uma baía imensa na sua frente,
história, memória, comida, música, arte e povo!
A Copa mostrou tudo isto, só é
preciso profissionais que criem as condições para receber turistas sempre, e
que colaborem com a economia e a cultura da Bahia. Não são apenas a beleza e a
fama que atraem mais de 80 milhões de turistas por ano à França, 60 milhões aos
EE UU, 50 milhões à Espanha ou à China. É trabalho com profissionalismo!