terça-feira, 27 de setembro de 2016

A (in) Gestão do Turismo...






A (in) Gestão do Turismo...



Aos abnegados turismólogos, além de exaltar o trabalho de muitos, desejo aqui neste dia especial, muito sucesso nesta profissão que abraçaram para suas vidas...

E baseado na minha ignorância de vida (em que cada dia aprendo mais a discernir os fatos) e nas pesquisas, tenho percebido o quanto não atentamos para o art. 180 da Constituição Brasileira, onde se destaca que: “A União, os Estados, o Distrito Federal e os municípios promoverão e incentivarão o turismo como fator de desenvolvimento econômico e social”.

É fato, mas quando lemos este artigo, no leva a crer que a responsabilidade da atividade do turismo, no aspecto acima, está meramente restrita às ações públicas em suas políticas de Estado. E aí entra a questão da “Coisa Pública” que em sua definição exprime que: Res publica é uma expressão latina que significa literalmente "coisa do povo” é a origem da palavra república. "Coisa pública" é o termo normalmente se refere a uma coisa que não é considerada propriedade privada, mas a qual é, em vez disso, mantida em conjunto por muitas pessoas.

E inspirado no legal e no conceito seria interessante levantar uma reflexão sobre a atividade econômica e social do turismo capixaba. Será que não chegou a hora de reavaliarmos nossos olhares para as questões nos apresentadas de forma horizontalizada? Será que não chegou o momento de observarmos e percebermos com uma visão Azymuth (visão espacial - de cima para baixo) sobre tudo que acontece à nossa volta.

Vemos instituições representativas de seus variados segmentos e que se tem acento nas cadeiras de conselhos estadual e municipais, com poder de decisão nas demandas apresentadas e que ao invés de levarem soluções apresentam problemas, como se a atividade global não fosse responsabilidade dos mesmos? Sentam-se à mesma mesa, mas após a assembleia, não articulam em seus negócios, à exceção é claro, de alguns.

É notório que participam efetivamente na elaboração de planos, programas e projetos de política pública, mas que os planejamentos próprios não estão casados ou interagidos com o do poder público e aí se incluem os orçamentos de suas próprias atividades. Mister se faz a integração desses agentes de forma cooperativa. E claro, cabendo ao Estado a garantia de recursos à infraestrutura necessária.

Será que nossas pesquisas não merecem serem revistas para que avaliemos o comportamento do cidadão (o autóctone ou o da região em que se expressa) do entorno dos atrativos, afinal, o grau de satisfação elevado e da autoestima fará compreender os ajustes necessários para melhor receber. É dito que a estadia do turista é motivo de decisão própria, de sair de sua rotina e buscar destinos que atenda suas expectativas e o façam recarregar as energias, então seu grau de satisfação será sempre superior ao desejado. Enquanto isso, o que vive o dia a dia no destino, é que tem capacidade de avaliar melhor todos os serviços durante todo o ano.

Enfim, se esta percepção não refletir na hospitalidade, como seremos competitivos neste país onde o novo Mapa do Turismo Brasileiro apresenta novos destinos e alguns até com uma atenção especial do Ministério do Turismo.

É nestas observações em que vejo gestores municipais exaltarem nas mídias a quantidade de público presente em eventos promovidos e não se concentram na importância do capital que circulou e nos efeitos que foram provocados naquele território. Não existe a intenção de avaliar a exploração dos cinco (5) sentidos sensoriais do ser humano: visão, audição, olfato, paladar e tato para que possamos interpretar suas expectativas e anseios.

Espero que nestas eleições, surjam novos valores e conceitos para que possamos enxergar o turismo de forma proativa assim como estabelece o art. 180 da CB e a complexidade que a atividade do turismo exige.

Feliz Dia Mundial do Turismo!!!


Abraço a todos!!!

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Quando vamos aprender a 
medir o turismo?


Moacir Durães
Especialista em Turismo Setorial e Territorial

O físico irlandês do Século XIX chamado William Thomson (o famoso Lorde Kelvin – o pai do zero absoluto) redigiu este texto, que tanto utilizamos, mas ainda pouco aplicamos: “Aquilo que não se pode medir, não se pode melhorar”. O sentido do texto era a de estabelecer melhorias nos processos ou nos sistemas... Peter Drucker, em seguida, turbinou a mesma, com a máxima: “Se você não pode medir, você não pode gerenciar”.
Desde então, essas frases do século passado, refletem em mim uma indignação quando tratamos de gestão pública, principalmente no que se refere à atividade econômica do turismo capixaba. É impressionante o descaso com os fatos e medidas de então, seja em porcentagem, volume, números de erros, etc. E ademais desempenho não deve ser avaliado por julgamentos rápidos como, por exemplo: excelente, muito bom, regular, ruim, muito satisfeito, satisfeito e insatisfeito...
O turismo no litoral do ES, que em sua maioria é explorado pelo segmento de Turismo de Sol e Praia, na alta estação, são objetivos de milhares de turistas ou veranistas de outros estados e que não importa também que seja do ES. Bom, mas representa uma convergência de capixabas se deslocando para esses balneários para ali desfrutarem suas férias de verão.
E aí caímos na mesmice dos noticiários e comentários de plantão, tais como: A crise é nacional..., A barragem de Mariana nos prejudicou..., As chuvas temporais espantaram os turistas..., Férias curtas devido ao ano escolar... A taxa de ocupação não foi boa... E por aí vai, por todos os cantos é uma choradeira geral.
Recentemente, fiz uma provocação num grupo móbile-social, buscando informações sobre a atividade econômica do trade turístico neste período. Estive à procura de números dos municípios litorâneos de norte a sul, que promoveram eventos e mais eventos, a fim de conhecer os reflexos na economia local até mesmo para que pudessem justificar aos Executivos Municipais, sobre a importância do giro de capital vindo de fora. E que com isso, possam ampliar o orçamento anual da secretaria.
Mas pelo visto, não foram realizados esses levantamentos, à exceção da Prefeitura de Vitória, através do seu Observatório de Turismo, que apresentou um infográfico sobre Turismo Náutico (Cruzeiro MS Maasdam que atracou em Vitória no dia 03 de fevereiro trazendo 1.050 turistas e 556 tripulantes de mais de 28 nações diferentes) e o Carnaval Capixaba.
O que se pode perceber é que não houve intenção, dos gestores municipais, de medir esses movimentos neste período, pelo menos até agora, não estão sendo apresentados. Em se tratando do bloco empresarial, nada até o momento foi exposto, com destaque apenas para a reclamação dos empresários hoteleiros de Guarapari, pela baixa ocupação apresentada, no período. Algumas exceções, por se tratarem de informações rotineiras, são os dados da Infraero, da Polícia Militar e da Polícia Rodoviária Federal.
Recente Estudo de Mercado da Geofusion (Inteligência Geográfica de Mercado) nos mostra que dos 5.570 municípios brasileiros, somente 975 (17,5%) são considerados com potencial para receber turistas com regularidade. E, 20% deles, estão em São Paulo. Como então, os municípios litorâneos capixabas estão inseridos neste contexto, se não existem levantamentos de imóveis de veranistas; se não pesquisamos o fluxo de veículos e de ônibus; se não medimos a quantidade de lixo produzida no período. Só por essa medição teríamos uma noção do aumento do número de turistas, pois a Associação Brasileira de Empresas Públicas e Resíduos Especiais, na sua avaliação de 2013, estima que o brasileiro gere 383 quilos de lixo por ano. E muito mais outras fontes de dados.
O Brasil, famoso por sua diversidade cultural, recursos naturais e belas paisagens, conta com um mercado de turismo significativo. É um fluxo de 273 milhões de turistas ao ano, seja em viagens a lazer ou a negócios. Buscando entender o perfil dos municípios neste setor e como esta movimentação pode contribuir para a economia, a Geofusion, produziu um modelo estatístico que permite prever o fluxo turístico anual das 5.570 cidades brasileiras, com base nos dados do Ministério do Trabalho e do IBGE.

Apesar do grande volume de pessoas circulando pelo País, 82% dos municípios têm baixo potencial para o turismo, considerando o número de visitantes recebidos e a presença de atrativos como praias, reservas ambientais e atividades ligadas ao patrimônio cultural. Desta forma, o Brasil conta com apenas 975 cidades de potencial turístico significativo, sendo que a maior parte se concentra nas regiões Sudeste (38%) e Nordeste (28%), sobressaindo-se principalmente os Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia, que juntos concentram 50% do fluxo. Os 10 estados com mais turistas acumulam cerca de 80% do fluxo do Brasil.

O impacto gerado pela movimentação destas pessoas tem influência em diversos setores da economia. Isso porque cerca de 70% dos municípios recebem um volume de visitantes superior ou igual à população residente. Em 65 cidades ultrapassam em mais de 10 vezes o número de moradores. O grande destaque é Rio Quente (GO) que, anualmente, concentra 300 vezes mais pessoas que a quantidade de habitantes. Outro dado que fica em evidência no levantamento, quando se fala em turismo de lazer, são as regiões litorâneas, pois representam um total de 60% dos locais visitados, recebendo em média 47 milhões de pessoas ao ano, o que equivale a 6
4% dos que viajam com este intuito. Praia Grande (SP) se destaca por ser a cidade que concentra mais pessoas: 2,4 milhões.
No entanto, é nos municípios onde prevalece o turismo de negócios que estão os maiores fluxos do País: 155 milhões de pessoas circulam nessas cidades anualmente, um volume mais de duas vezes maior que o das cidades que se destacam pelo lazer. O estudo da Geofusion aponta que as viagens de negócios abrangem cerca de 60% dos municípios brasileiros. A região Sudeste recebe quase 50% deste fluxo, sendo que só os Estados de São Paulo e Minas Gerais somam 34% deste potencial. A líder da categoria é a capital paulista, com 14,5 milhões viajantes.
E se o capixaba não mede, como ficamos no contexto brasileiro? E mais ainda, como fica tudo isso para responder aos novos critérios do Mapeamento da Regionalização do Turismo do Ministério do Turismo?
·         Gestão Descentralizada do Turismo;
·         Planejamento e Posicionamento de Mercado;
·         Qualificação Profissional, dos serviços e da produção associada;
·         Empreendedorismo, captação e promoção de investimentos;
·         Infraestrutura turística
·         Informação ao Turista
·         Promoção e Apoio à comercialização
·         Monitoramento

Diante do hiato, fica a reflexão de que medir o desempenho é uma das fases mais difíceis da gestão e garante decisões baseadas em fatos e não nas emoções. Garante a possibilidade de aliar o nosso desempenho às necessidades, e esse é um dos aspectos mais eficazes da gestão de processos. Oxalá!!!