
Doris
Ruschmann em seu livro Turismo e Planejamento Sustentável – A Proteção do Meio
Ambiente editado em 1997 cita que para compreensão do Meio Ambiente,
“entende-se a biosfera, isto é, as rochas, a água e o ar que envolvem a Terra,
juntamente com os ecossistemas que eles mantém”. Essa característica ambiental
serve-nos hoje como ensinamento acadêmico em que não nos empoderamos da raiz de
seu conceito, infelizmente.
Nas minhas constantes viagens a
trabalho pelas estradas do Espírito Santo, presencio o crescente desmatamento
em favor da pecuária e da agricultura irresponsáveis, a ampliação das voçorocas
promovendo o assoreamento de nascentes e de leito de rios, das minerações de
mármore e granito em que as condicionantes são meros protocolos de mitigação,
da má qualidade das estradas vicinais que não contemplam caixas secas, do
desleixo com a paisagem capixaba e tantos outros fatores...
É fato, que todos estes, são
frutos da intervenção humana em busca do retorno de capital fácil, onde a
preservação e a perenização da Terra, ficam em planos que não sabemos aqui
enumerar.
A escritora Doris Ruschmann,
reconhecidamente pelos seus trabalhos em turismo, assevera ainda que “esses
ecossistemas são constituídos de comunidades de indivíduos de diferentes
populações, que vivem numa área juntamente com seu meio não vivente e se caracterizam por suas inter-relações,
sejam elas simples ou mais complexas. Essa definição inclui também os recursos
construídos pelo homem, tais como casas, cidades, monumentos históricos, sítios
arqueológicos, e os padrões comportamentais das populações, folclore,
vestuário, comidas e o modo de vida em geral, que as diferenciam de outras
comunidades”.
Esta citação é a básica do
chamado Turismo Cultural que tanto o Ministério do Turismo prega para a
Segmentação do Turismo e que hoje muitos destinos se consagram enquanto outros
se deterioram, assim como o Ecoturismo e o Turismo de Aventura.
Para o turismo, o desastre
ambiental que vimos ocorrer no Rio Doce que já agonizava há anos é um desses
sinais de descaso com o ambiente e com o ser humano. Órgãos ambientais de
governo em todas as instâncias inoperantes ou falseadas de condicionantes
mitigatórias sem o devido valor de fiscalização e recuperação, transferem para
esses aglomerados urbanos e para a natureza, as mazelas da inconsequência...
Mas hoje, o meu pesar, é o fato
de assistir a essas degradações massivamente ao longo desse tempo, açoitando a
vida e o território que contempla a atividade turística, colocando assim o
cidadão, à margem dessas intervenções. Assim como a guilhotina francesa, pouco
a pouco estão sendo executadas ações de morte instantâneas que se estendem até
os momentos atuais, e dessa forma cada conglomerado urbano se vê impotente em
razão dos gestores públicos que ora sentam em seus tronos sem tirar a bunda do
assento para visitá-los. A ironizar os demorados sete dias de atraso da visita
presidencial aos pequenos espelhos d’água do Rio Doce.
Na incontestável avaliação de
Doris Ruschmann em que “a inter-relação entre o turismo e o meio ambiente é
incontestável, uma vez que este último constitui a matéria-prima (grifo nosso) da atividade. A deterioração das
condições de vida dos grandes conglomerados urbanos faz com que um número cada
vez maior de pessoas procure, nas férias e nos fins de semana, as regiões com
belezas naturais. O contato com a natureza constitui, atualmente, uma das
maiores motivações das viagens de lazer e as consequências do fluxo de massa de
turistas para esses locais extremamente sensíveis, tais como as praias e as
montanhas, devem necessariamente ser avaliadas e seus efeitos negativos,
evitados, antes que esse valioso patrimônio da humanidade se degrade
irremediavelmente.”
E para nós sararmos deste desastre
escabroso em que levaremos anos em convalescência, a atividade do turismo
agonizará também em razão dos incautos.
13/11/2015
Moacir Durães
moacir.duraes@hotmail.com
Especialista em Gestão Setorial
e Territorial
Excelente reflexão! Parabéns pela forma em que descreve os problemas de degradação de nosso meio ambiente e seu reflexo na atividade turística.
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