sexta-feira, 25 de maio de 2012

Turismo é negócio com déficit de atenção no Brasil

EDITORIAL Notícia da edição
A Constituição de 1988 ampliou brutalmente os gastos de custeio e aumentou a rigidez tributária, um dos fatores do encolhimento em obras públicas. E o PAC I, que ainda não foi completado, investe menos de 0,5% do PIB. Para ter mais e melhor infraestrutura, os governos devem apostar na concessão de rodovias, privatizar mais aeroportos, licitar terminais portuários e novos projetos de ferrovias e hidrovias. Tudo com marcos regulatórios e com segurança jurídica. Então, o Brasil está apostando demais no PIB maior pelo lado apenas do consumo. Os índices de inadimplência, am alta, provam que a demanda que tinha sonhos de aquisição de automóveis, por exemplo, satisfez o apetite. Enquanto isso, deixamos de ganhar com o turismo, mesmo quando os brasileiros continuem viajando como jamais antes na história deste País, gastando, nos Estados Unidos da América (EUA), a média de US$ 5 mil por turista. Barack Obama viu esse mercado e tratou de melhorar o atendimento dos vistos. O Brasil poderia ter exigido a volta de um consulado em Porto Alegre para emitir vistos para nós e os catarinenses, pelo menos.

Enquanto isso, a rede hoteleira visando a Copa do Mundo de 2014, não está compatível com as necessidades, ainda. O pior é que centenas ou milhares de turistas passam por Porto Alegre mensalmente, pegam um automóvel alugado diretamente no aeroporto Salgado Filho e sobem para Gramado/Canela/Nova Petrópolis e arredores. Na volta, largam o carro também no aeroporto e tomam o avião de volta para o Rio e São Paulo, o Centro-Oeste ou Nordeste. Porto Alegre não recebe o gasto de uma noite sequer.

Tem o turismo de eventos, está certo. Até dá mais dinheiro, mas o turista tradicional é importante. Então, é de se festejar quando a vinda de turistas estrangeiros para São Paulo no ano passado cresceu mesmo com a crise econômica, desempenho não acompanhado por alguns destinos tradicionais, como o Nordeste. Um levantamento do Ministério do Turismo sobre o número de turistas que entraram no País mostra que São Paulo recebeu 3,8% mais viajantes no ano passado. Em Pernambuco, ao contrário, esse número caiu 6,4%; no Rio Grande do Norte, a queda foi de 5%.

Para turismólogos, está mudando o perfil turístico brasileiro, o que traz vantagens a São Paulo e bem que poderia trazer para Porto Alegre. Os clássicos destinos de sol e praia estão, aos poucos, sendo substituídos pelos que oferecem opções culturais, de negócios ou eventos. Acontece que é mais barato para europeus e americanos viajarem para praias do Caribe ou Mediterrâneo. Além disso, com a crise econômica, a viagem de lazer não é prioridade em nenhum orçamento nos EUA e no Velho Mundo. Americanos, argentinos e alemães são, nesta ordem, os que mais visitam São Paulo. Apesar dos principais motivos de viagem serem negócios, o setor de eventos tem atraído cada vez mais estrangeiros. Segundo a Associação Internacional de Congressos e Convenções (ICCA, na sigla em inglês), a cidade de São Paulo abrigou 60 eventos do tipo só no ano passado. Segundo os técnicos, é preferível uma van com homens de negócio do que um avião cheio de turistas. Os que vêm para eventos e negócios são “imperceptíveis” na rotina das capitais, mesmo sendo os que mais gastam nas cidades. 
http://jcrs.uol.com.br/site/noticia.php?codn=94186

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