quarta-feira, 14 de abril de 2021

O Medo, a Ruptura de Confiança e a Omissão para o Turismo...

 

















Análise de viabilidade econômica e financeira, conforme estudiosos, é um processo que envolve uma série de estudos sobre o mercado, com o objetivo de avaliar se o investimento em uma determinada atividade é viável ou não. Dessa forma, essa análise, deve ser executada antes de qualquer projeto da empresa em questão. Essa sistemática, é necessária para a manutenção relativa do capital x trabalho e, assim se espera que não haja, no futuro, a necessidade de captação de recursos de terceiros para seu giro e/ou manutenção, embora possa também apresentar essa possibilidade.

Considerando as Medidas Restritivas impostas pelos governos em nome de salvar vidas, e principalmente sobre o distanciamento de pessoas num determinado espaço para enfrentamento de pandemia, citando aqui a Sars CoV-2, uma empresa que há anos esteja fincada sobre esses aspectos iniciais da Análise de Viabilidade e sortidos de causas e efeitos advindos de fatores externos, destes gestores, com certeza afligem qualquer empresário.

A especialista Doris Ruschmann, no seu livro “Turismo e Planejamento Sustentável – A Proteção do Meio Ambiente”, primeira reimpressão em 1997 da Papirus Editora, já preconizava insights de vários escritores sobre a Capacidade de Carga Turística para que os destinos turísticos não fossem exauridos de suas potencialidades. Infelizmente esses indicadores, sequer foram utilizados pelos gestores públicos municipais para estabelecimento de utilização de espaços turísticos. Mais ainda, nas minhas pesquisas, não ouvi ou li algo em que pudessem ser defendidas por alguém do trade, e aqui especificamente, o trade capixaba.

Esses estudos, se tivessem sido utilizados como indicadores poderiam ter auxiliado na reavaliação das Análises de Viabilidade, bem no meio da pandemia, pois afinal, o turismo só acontece quando a presença do interessado chega ao seu destino. O segmento de hotelaria, foi reconhecido, e obteve o direito de ocupação de 50% de seus leitos. Já, de início, foi uma boa garantia da manutenção dos negócios, pois com 30% de ocupação já garante o equilíbrio das contas.

A sociedade como um todo, e aqui me sentencio, como parte desse trade em que simplesmente acatou as Medidas Restritivas apoiadas pelo Tribunal de Contas do ES - TCE e Promotoria Pública Estadual, simplesmente nos tornamos plateia na expectativa de novas decisões.  Esse é o quadro que considero, de Medo Instituído, primeiro pela imprensa quanto à pandemia e segundo às represálias institucionais, tanto estadual quanto municipais.

O Selo do Turismo Responsável elaborado e distribuído pelo Ministério do Turismo aos empresários conforme estabelecidos no art. 21 da Lei 11.771 de 2008 foi uma boa iniciativa para o conhecimento de protocolos de segurança que pudessem ser atribuídos aos seus negócios.

No entanto, surpreende-se o número de adesão ao movimento, considerando um plantel de 27.365 (http://turismo.gov.br/paineis/acompanhamentoselos/ consulta no site em 10/04/2021) selos no Brasil para um volume de 123.875 cadastrados no Sistema de Cadastro de Pessoas Físicas e Jurídicas (Cadastur).  Se verifica, portanto, que apenas 21,81% aderiram ao programa num momento tão grave de enfrentamento ao contágio. Aqui no ES, a adesão chegou a 561 selos em 13/04/2021 (24,39%) dos cadastrados no Cadastur e 7,95% de 7.000 empreendimentos capixabas.

“Temos, hoje, no Espírito Santo 2.300 cadastros em um universo de sete mil empreendimentos. Precisamos ampliar este número. Além das linhas de crédito, quem está no Cadastur tem acesso a todas as políticas públicas para o segmento, capacitações, qualificações entre outras ações”, explica a secretária de Estado de Turismo, Lenise Loureiro. (https://setur.es.gov.br/Not%C3%ADcia/desafio-turismo-responsavel-termina-no-dia-15-de-abril).

Embora exista um grande esforço para sua abrangência, inclusive com prorrogação de data para sua adesão este número não alcança números mais altos.

O destino turístico, como sabemos, é formado por uma série de atributos, mas o principal deles, é o ser humano por sua questão histórica e cultural para implementar seu negócio. E quando ele vê este destino impossibilitado de receber turistas por medidas editadas por decretos, será que ele continuará sua confiança nos gestores públicos que a cada 14 dias, são editados e alterados? A ruptura da confiança começa a borbulhar...

Porque será então, a causa da baixa adesão a esses movimentos? Será que houve uma ruptura de confiança nos gestores públicos, que por suas decisões se transformam em fatores externos e que afetam drasticamente a viabilidade dos negócios?

Pelo visto, as iniciativas de políticas públicas de turismo a partir de 1993 com o Programa de Municipalização do Turismo e em 2003 com o Programa de Regionalização do Turismo, que dependem do tripé: governo, instituições e trade, não conseguirão salvaguardar essas mesmas políticas, considerando o alto grau de desconfiança que foi impetrado no meio institucional e empresarial, pelo menos em breve período. Nesse palco de tão poucos protagonistas, os coadjuvantes, preferirão ser o público em suas cadeiras.

Enfim, se os Conselhos de Turismo já estavam enfraquecidos, com essa pandemia então, os esforços deverão ser gigantescos para o seu fortalecimento e unicidade...

Ainda mais, o Mapa do Turismo Brasileiro, estará comprometido considerando as informações que o sustenta. As classificações A, B e C, precisarão ser revistas sob pena de indicadores não representarem mais a situação atual, principalmente, quanto a funcionalidade dos conselhos de turismo.

Enquanto o MEDO estiver sendo implementado 24 horas por dia a desconfiança se disseminará com maior intensidade.

O Dr. Fernando Assis Nader, médico educador, preconiza que: “O medo é a ferramenta de dominação mais poderosa que existe. Quando estamos sobre o efeito do medo. Quando existe um sequestro emocional, não conseguimos pensar de modo assertivo. Não conseguimos enxergar os melhores caminhos. Não conseguimos tomar as melhores decisões. Estímulos negativos aos quais estamos sendo expostos ao longo de 1 (um) ano, nos adoece. As pessoas começam a perder interesse pelas coisas do dia a dia. Começam a perder o interesse pelo seu trabalho. Começam e perder interesse pelas suas amizades. Começam a perder o interesse pela vida.”

Esta citação não é especulação, é fato!!!

Leonardo Barreto Ferraz Gominho & Wesley Clistenes da Silva Vargas, discorre sobre o tema: O medo como elemento de controle social: perspectiva analítica do filme “A Vila” que retrata uma sociedade de 1867, extremamente coletivista, na qual todos colaboram, vivendo de forma harmônica e preservando sentimentos bons e puros, principalmente a inocência, e em agosto/2016, descreve com muita clareza, que: “Os tempos remotos em que vivemos, apresentam um quadro social em constante mudança, onde as garantias inexistem, e, portanto, geram um universo de insegurança e de medo. Podemos dizer que nossa cultura ocidental, onde o individualismo e o consumismo reinam, faz com que o sentimento de desamparo seja ainda mais intenso. Se for feita uma análise minuciosa do que nos cerca, iremos perceber que o medo e sua cultura estão impregnados na natureza humana, portanto, estará impregnada em todas as gerações futuras, talvez com uma nova roupagem, mas sempre existente, pois os tempos mudam, e os medos também, mas nunca deixam de nos acompanhar.”

Enfim, a saída, será o investimento pesado de infraestrutura nos destinos para que organicamente, os desejos dos turistas sejam aguçados para esse novo comportamento humano. Mas infelizmente não vimos iniciativas nos governos municipais, que terminaram seus mandatos em 2020, elaborarem uma LOA (Lei de Orçamento Anual) que contribuísse com a nova gestão, mais especificamente para o turismo.

Definitivamente, perdeu-se um ano (2021) de preparo – do dever de casa - do destino para o enfrentamento da pandemia, e quero acreditar que não foi por medo. Foi por omissão mesmo.

segunda-feira, 25 de maio de 2020

Simplifique para descomplicar...


Nessa quarentena tenho lido alguns livros, artigos acadêmicos, lives, temas jornalísticos e vários outros que nos tem sido apresentado, como tendências que ora surgem, principalmente no que se refere ao assunto turismo.

Percebo uma chuva de propostas – todas bem intencionadas – umas com os pés no chão e outras nem tanto, para enfrentamento de causa nova e desconhecida, em que mudou o comportamento social das pessoas, e aí tento me concentrar na inquietude e abalos nos fornecedores de serviços turísticos e os tão desejados turistas.



Praia de Coqueiral - Aracruz - ES
Mergulhando nas páginas do livro de Jost Krippendorf, que navega sobre a Sociologia do Turismo para encontrar respostas ao que me propunha, me chama atenção então, uma citação, que os responsáveis políticos pelo turismo são em grande parte “carentes de consciência turística”, no qual ao longo de um bom tempo na atividade, ratifico o pensamento do autor e que o segmento do turismo deve aprender a andar com as próprias pernas como atividade econômica.

Partindo desse pressuposto, gostaria ousar e de elencar algumas recomendações de simplificação de atitudes para descomplicar o que deve ser descomplicado, através de 4 sínteses para os profissionais do turismo, até porque o momento exige nova ebulição de pensamento.

Então segue:

1ª Síntese: Avaliação do Novo Cenário Pós Covid-19:

Estamos em novos tempos, com as pessoas ainda mais amedrontadas, mais exigentes e em busca de novas experimentações.
  • Simplifique então a avaliação de como seu negócio ou destino é percebido pelo turista, quanto aos cinco sentidos sensoriais do Ser Humano: Visão, Audição, Olfato, Paladar e Tato. Aqui poderíamos enumerar uma série de fatores, mas vamos exemplificar a percepção do Tato, que deve ser neste momento considerado como prioridade para as expectativas do turista, face aos protocolos de operação e segurança à saúde;
  • Simplifique de como projetar tudo isso no imaginário e experimentação do turista, no que se refere ao fator da percepção da Visão do turista, no qual, que deverá determinar o marketing e a experimentação oferecida;
  • Simplifique o círculo virtuoso do business e de que a vinda do turista gera trabalho e este gera retorno financeiro. A hospitalidade ofertada é que deve girar em função do atrativo do dinheiro que sustenta o negócio e a manutenção do destino.

2ª Síntese: Capacidade Resolutiva:

Imperioso citar neste aspecto, a capacidade e a coragem de olhar para o umbigo, e fazer valer a Análise Crítica de sua própria capacidade de se reinventar e de se firmar como gestor. Lembre-se da máxima: “A menor distância entre dois pontos é uma reta”.
  • Simplifique no planejamento: Não planeje demais – estabeleça a tese de menos retórica e mais ação;
  • Simplifique na utilização de seus recursos disponíveis de imediato: Evite contrair novos;
  • Simplifique no enfrentamento aos conflitos internos e externos: Não permita perda de energia por situações passadas, o não enfrentamento gera retrabalho e demanda custos;
  • Concentre-se nas prioridades do negócio ou destino: Pratique e Metodologia GUT – as ações de curto prazo permitirão correção de rumos e a sustentação do negócio. Faça reavaliações periódicas conforme influência de fatores externos.
E não menos importante, deve-se levar em consideração além dos aspectos acima, a participação efetiva do seu capital social envolvido e parceiros alinhados.


3ª Síntese: Inovação:

Lembre-se e pense sempre na descoberta da invenção da “roda” há mais de 3.500 anos A.C, portanto há mais de 5.000 anos e perceba a sua importância para o mundo. 
  • Simplifique de que a inovação é relativa ao seu negócio, enquanto redução de custos e satisfação de clientes, então a Análise de Valor será sempre bem-vinda; 
  • Simplifique de que inovar é simplificar... Fazer o básico bem feito pode ser a inovação que tanto buscamos para oferecer atendimento e produtos melhores, reduzir custos e otimizar processos.
  • Simplifique na pesquisa mas esteja aberto aos novos conceitos. A ferramenta que hoje é top, amanhã pode ser obsoleta. Exercer a racionalidade sobre a questão será primordial, principalmente nas ferramentas de gestão.

4ª Síntese: Estrutura da Oferta Turística:

Necessário se faz compreender de que é preciso produzir somente o que se pode vender. É imperioso também que a população local é que deve se adequar aos turistas e não ao contrário, principalmente em seus desejos, suas necessidades e experimentações.
  • Simplifique seus recursos que são estáveis, pois são produzidos e comercializados: Ofereça qualidade diferenciada ou personalizada. Exemplo gastronômico, entre o simples e o necessário, a satisfação será o segredo, o Paladar. 
  • Simplifique seus recursos que são estáticos – os que não podem ser transportados: São partes de todo um conjunto.  Explore o uso racional sem abuso de preços; 
  •  Simplifique os seus atrativos que são imóveis: Os turistas é que se deslocam para usufruí-los. Aperfeiçoe a paisagem e facilite o acesso seguro. A história romantizada, por guias ou condutores, fortalecerá a capacidade da percepção auditiva.
Enfim, simplifique várias vezes para descomplicar, e todo o cuidado com modismos de gestões e novos comportamentos, tais como o Novo Normal. De todo o modo, “o sistema se organiza numa espécie de alternância que poderíamos chamar de ciclo da reconstituição do ser humano na sociedade: viajamos para recarregar as baterias e para reconstituir as forças física e mentais”, assim preconiza Jost Krippendorf para nos despertar...


Então, exercite para descomplicar!!!!


terça-feira, 27 de setembro de 2016

A (in) Gestão do Turismo...






A (in) Gestão do Turismo...



Aos abnegados turismólogos, além de exaltar o trabalho de muitos, desejo aqui neste dia especial, muito sucesso nesta profissão que abraçaram para suas vidas...

E baseado na minha ignorância de vida (em que cada dia aprendo mais a discernir os fatos) e nas pesquisas, tenho percebido o quanto não atentamos para o art. 180 da Constituição Brasileira, onde se destaca que: “A União, os Estados, o Distrito Federal e os municípios promoverão e incentivarão o turismo como fator de desenvolvimento econômico e social”.

É fato, mas quando lemos este artigo, no leva a crer que a responsabilidade da atividade do turismo, no aspecto acima, está meramente restrita às ações públicas em suas políticas de Estado. E aí entra a questão da “Coisa Pública” que em sua definição exprime que: Res publica é uma expressão latina que significa literalmente "coisa do povo” é a origem da palavra república. "Coisa pública" é o termo normalmente se refere a uma coisa que não é considerada propriedade privada, mas a qual é, em vez disso, mantida em conjunto por muitas pessoas.

E inspirado no legal e no conceito seria interessante levantar uma reflexão sobre a atividade econômica e social do turismo capixaba. Será que não chegou a hora de reavaliarmos nossos olhares para as questões nos apresentadas de forma horizontalizada? Será que não chegou o momento de observarmos e percebermos com uma visão Azymuth (visão espacial - de cima para baixo) sobre tudo que acontece à nossa volta.

Vemos instituições representativas de seus variados segmentos e que se tem acento nas cadeiras de conselhos estadual e municipais, com poder de decisão nas demandas apresentadas e que ao invés de levarem soluções apresentam problemas, como se a atividade global não fosse responsabilidade dos mesmos? Sentam-se à mesma mesa, mas após a assembleia, não articulam em seus negócios, à exceção é claro, de alguns.

É notório que participam efetivamente na elaboração de planos, programas e projetos de política pública, mas que os planejamentos próprios não estão casados ou interagidos com o do poder público e aí se incluem os orçamentos de suas próprias atividades. Mister se faz a integração desses agentes de forma cooperativa. E claro, cabendo ao Estado a garantia de recursos à infraestrutura necessária.

Será que nossas pesquisas não merecem serem revistas para que avaliemos o comportamento do cidadão (o autóctone ou o da região em que se expressa) do entorno dos atrativos, afinal, o grau de satisfação elevado e da autoestima fará compreender os ajustes necessários para melhor receber. É dito que a estadia do turista é motivo de decisão própria, de sair de sua rotina e buscar destinos que atenda suas expectativas e o façam recarregar as energias, então seu grau de satisfação será sempre superior ao desejado. Enquanto isso, o que vive o dia a dia no destino, é que tem capacidade de avaliar melhor todos os serviços durante todo o ano.

Enfim, se esta percepção não refletir na hospitalidade, como seremos competitivos neste país onde o novo Mapa do Turismo Brasileiro apresenta novos destinos e alguns até com uma atenção especial do Ministério do Turismo.

É nestas observações em que vejo gestores municipais exaltarem nas mídias a quantidade de público presente em eventos promovidos e não se concentram na importância do capital que circulou e nos efeitos que foram provocados naquele território. Não existe a intenção de avaliar a exploração dos cinco (5) sentidos sensoriais do ser humano: visão, audição, olfato, paladar e tato para que possamos interpretar suas expectativas e anseios.

Espero que nestas eleições, surjam novos valores e conceitos para que possamos enxergar o turismo de forma proativa assim como estabelece o art. 180 da CB e a complexidade que a atividade do turismo exige.

Feliz Dia Mundial do Turismo!!!


Abraço a todos!!!

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Quando vamos aprender a 
medir o turismo?


Moacir Durães
Especialista em Turismo Setorial e Territorial

O físico irlandês do Século XIX chamado William Thomson (o famoso Lorde Kelvin – o pai do zero absoluto) redigiu este texto, que tanto utilizamos, mas ainda pouco aplicamos: “Aquilo que não se pode medir, não se pode melhorar”. O sentido do texto era a de estabelecer melhorias nos processos ou nos sistemas... Peter Drucker, em seguida, turbinou a mesma, com a máxima: “Se você não pode medir, você não pode gerenciar”.
Desde então, essas frases do século passado, refletem em mim uma indignação quando tratamos de gestão pública, principalmente no que se refere à atividade econômica do turismo capixaba. É impressionante o descaso com os fatos e medidas de então, seja em porcentagem, volume, números de erros, etc. E ademais desempenho não deve ser avaliado por julgamentos rápidos como, por exemplo: excelente, muito bom, regular, ruim, muito satisfeito, satisfeito e insatisfeito...
O turismo no litoral do ES, que em sua maioria é explorado pelo segmento de Turismo de Sol e Praia, na alta estação, são objetivos de milhares de turistas ou veranistas de outros estados e que não importa também que seja do ES. Bom, mas representa uma convergência de capixabas se deslocando para esses balneários para ali desfrutarem suas férias de verão.
E aí caímos na mesmice dos noticiários e comentários de plantão, tais como: A crise é nacional..., A barragem de Mariana nos prejudicou..., As chuvas temporais espantaram os turistas..., Férias curtas devido ao ano escolar... A taxa de ocupação não foi boa... E por aí vai, por todos os cantos é uma choradeira geral.
Recentemente, fiz uma provocação num grupo móbile-social, buscando informações sobre a atividade econômica do trade turístico neste período. Estive à procura de números dos municípios litorâneos de norte a sul, que promoveram eventos e mais eventos, a fim de conhecer os reflexos na economia local até mesmo para que pudessem justificar aos Executivos Municipais, sobre a importância do giro de capital vindo de fora. E que com isso, possam ampliar o orçamento anual da secretaria.
Mas pelo visto, não foram realizados esses levantamentos, à exceção da Prefeitura de Vitória, através do seu Observatório de Turismo, que apresentou um infográfico sobre Turismo Náutico (Cruzeiro MS Maasdam que atracou em Vitória no dia 03 de fevereiro trazendo 1.050 turistas e 556 tripulantes de mais de 28 nações diferentes) e o Carnaval Capixaba.
O que se pode perceber é que não houve intenção, dos gestores municipais, de medir esses movimentos neste período, pelo menos até agora, não estão sendo apresentados. Em se tratando do bloco empresarial, nada até o momento foi exposto, com destaque apenas para a reclamação dos empresários hoteleiros de Guarapari, pela baixa ocupação apresentada, no período. Algumas exceções, por se tratarem de informações rotineiras, são os dados da Infraero, da Polícia Militar e da Polícia Rodoviária Federal.
Recente Estudo de Mercado da Geofusion (Inteligência Geográfica de Mercado) nos mostra que dos 5.570 municípios brasileiros, somente 975 (17,5%) são considerados com potencial para receber turistas com regularidade. E, 20% deles, estão em São Paulo. Como então, os municípios litorâneos capixabas estão inseridos neste contexto, se não existem levantamentos de imóveis de veranistas; se não pesquisamos o fluxo de veículos e de ônibus; se não medimos a quantidade de lixo produzida no período. Só por essa medição teríamos uma noção do aumento do número de turistas, pois a Associação Brasileira de Empresas Públicas e Resíduos Especiais, na sua avaliação de 2013, estima que o brasileiro gere 383 quilos de lixo por ano. E muito mais outras fontes de dados.
O Brasil, famoso por sua diversidade cultural, recursos naturais e belas paisagens, conta com um mercado de turismo significativo. É um fluxo de 273 milhões de turistas ao ano, seja em viagens a lazer ou a negócios. Buscando entender o perfil dos municípios neste setor e como esta movimentação pode contribuir para a economia, a Geofusion, produziu um modelo estatístico que permite prever o fluxo turístico anual das 5.570 cidades brasileiras, com base nos dados do Ministério do Trabalho e do IBGE.

Apesar do grande volume de pessoas circulando pelo País, 82% dos municípios têm baixo potencial para o turismo, considerando o número de visitantes recebidos e a presença de atrativos como praias, reservas ambientais e atividades ligadas ao patrimônio cultural. Desta forma, o Brasil conta com apenas 975 cidades de potencial turístico significativo, sendo que a maior parte se concentra nas regiões Sudeste (38%) e Nordeste (28%), sobressaindo-se principalmente os Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia, que juntos concentram 50% do fluxo. Os 10 estados com mais turistas acumulam cerca de 80% do fluxo do Brasil.

O impacto gerado pela movimentação destas pessoas tem influência em diversos setores da economia. Isso porque cerca de 70% dos municípios recebem um volume de visitantes superior ou igual à população residente. Em 65 cidades ultrapassam em mais de 10 vezes o número de moradores. O grande destaque é Rio Quente (GO) que, anualmente, concentra 300 vezes mais pessoas que a quantidade de habitantes. Outro dado que fica em evidência no levantamento, quando se fala em turismo de lazer, são as regiões litorâneas, pois representam um total de 60% dos locais visitados, recebendo em média 47 milhões de pessoas ao ano, o que equivale a 6
4% dos que viajam com este intuito. Praia Grande (SP) se destaca por ser a cidade que concentra mais pessoas: 2,4 milhões.
No entanto, é nos municípios onde prevalece o turismo de negócios que estão os maiores fluxos do País: 155 milhões de pessoas circulam nessas cidades anualmente, um volume mais de duas vezes maior que o das cidades que se destacam pelo lazer. O estudo da Geofusion aponta que as viagens de negócios abrangem cerca de 60% dos municípios brasileiros. A região Sudeste recebe quase 50% deste fluxo, sendo que só os Estados de São Paulo e Minas Gerais somam 34% deste potencial. A líder da categoria é a capital paulista, com 14,5 milhões viajantes.
E se o capixaba não mede, como ficamos no contexto brasileiro? E mais ainda, como fica tudo isso para responder aos novos critérios do Mapeamento da Regionalização do Turismo do Ministério do Turismo?
·         Gestão Descentralizada do Turismo;
·         Planejamento e Posicionamento de Mercado;
·         Qualificação Profissional, dos serviços e da produção associada;
·         Empreendedorismo, captação e promoção de investimentos;
·         Infraestrutura turística
·         Informação ao Turista
·         Promoção e Apoio à comercialização
·         Monitoramento

Diante do hiato, fica a reflexão de que medir o desempenho é uma das fases mais difíceis da gestão e garante decisões baseadas em fatos e não nas emoções. Garante a possibilidade de aliar o nosso desempenho às necessidades, e esse é um dos aspectos mais eficazes da gestão de processos. Oxalá!!!

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

A matéria prima do Turismo.


Doris Ruschmann em seu livro Turismo e Planejamento Sustentável – A Proteção do Meio Ambiente editado em 1997 cita que para compreensão do Meio Ambiente, “entende-se a biosfera, isto é, as rochas, a água e o ar que envolvem a Terra, juntamente com os ecossistemas que eles mantém”. Essa característica ambiental serve-nos hoje como ensinamento acadêmico em que não nos empoderamos da raiz de seu conceito, infelizmente.
Nas minhas constantes viagens a trabalho pelas estradas do Espírito Santo, presencio o crescente desmatamento em favor da pecuária e da agricultura irresponsáveis, a ampliação das voçorocas promovendo o assoreamento de nascentes e de leito de rios, das minerações de mármore e granito em que as condicionantes são meros protocolos de mitigação, da má qualidade das estradas vicinais que não contemplam caixas secas, do desleixo com a paisagem capixaba e tantos outros fatores...
É fato, que todos estes, são frutos da intervenção humana em busca do retorno de capital fácil, onde a preservação e a perenização da Terra, ficam em planos que não sabemos aqui enumerar.

A escritora Doris Ruschmann, reconhecidamente pelos seus trabalhos em turismo, assevera ainda que “esses ecossistemas são constituídos de comunidades de indivíduos de diferentes populações, que vivem numa área juntamente com seu meio não vivente  e se caracterizam por suas inter-relações, sejam elas simples ou mais complexas. Essa definição inclui também os recursos construídos pelo homem, tais como casas, cidades, monumentos históricos, sítios arqueológicos, e os padrões comportamentais das populações, folclore, vestuário, comidas e o modo de vida em geral, que as diferenciam de outras comunidades”.

Esta citação é a básica do chamado Turismo Cultural que tanto o Ministério do Turismo prega para a Segmentação do Turismo e que hoje muitos destinos se consagram enquanto outros se deterioram, assim como o Ecoturismo e o Turismo de Aventura.

Para o turismo, o desastre ambiental que vimos ocorrer no Rio Doce que já agonizava há anos é um desses sinais de descaso com o ambiente e com o ser humano. Órgãos ambientais de governo em todas as instâncias inoperantes ou falseadas de condicionantes mitigatórias sem o devido valor de fiscalização e recuperação, transferem para esses aglomerados urbanos e para a natureza, as mazelas da inconsequência...

Mas hoje, o meu pesar, é o fato de assistir a essas degradações massivamente ao longo desse tempo, açoitando a vida e o território que contempla a atividade turística, colocando assim o cidadão, à margem dessas intervenções. Assim como a guilhotina francesa, pouco a pouco estão sendo executadas ações de morte instantâneas que se estendem até os momentos atuais, e dessa forma cada conglomerado urbano se vê impotente em razão dos gestores públicos que ora sentam em seus tronos sem tirar a bunda do assento para visitá-los. A ironizar os demorados sete dias de atraso da visita presidencial aos pequenos espelhos d’água do Rio Doce.

Na incontestável avaliação de Doris Ruschmann em que “a inter-relação entre o turismo e o meio ambiente é incontestável, uma vez que este último constitui a matéria-prima (grifo nosso) da atividade. A deterioração das condições de vida dos grandes conglomerados urbanos faz com que um número cada vez maior de pessoas procure, nas férias e nos fins de semana, as regiões com belezas naturais. O contato com a natureza constitui, atualmente, uma das maiores motivações das viagens de lazer e as consequências do fluxo de massa de turistas para esses locais extremamente sensíveis, tais como as praias e as montanhas, devem necessariamente ser avaliadas e seus efeitos negativos, evitados, antes que esse valioso patrimônio da humanidade se degrade irremediavelmente.”

E para nós sararmos deste desastre escabroso em que levaremos anos em convalescência, a atividade do turismo agonizará também em razão dos incautos.

13/11/2015
Moacir Durães
moacir.duraes@hotmail.com

Especialista em Gestão Setorial e Territorial

sexta-feira, 25 de julho de 2014

A Copa foi um sucesso, mas não deixou legado para o turismo da Bahia

Meus amigos,

Segue uma avaliação dos baianos sobre a realidade da Copa 2014 no território baiano, e que esta seja de suma importância para o nosso discernimento quanto à hospitalidade profissional...

Moacir Durães

A Copa do Mundo foi bem sucedida, como se esperava, afinal, o Brasil já havia dado mostras de sua competência para organizar grandes eventos, principalmente em São Paulo, com o automobilismo e shows, Rio de Janeiro, com o Rock in Rio e os Jogos Pan Americanos, e Salvador, com o Carnaval, que mobiliza mais de 20 estádios lotados em cada um de seus seis dias, com 20 mil policiais fazendo a proteção de foliões e de um contingente também gigantesco de prestadores de serviços, famosos e autoridades.

O esquema de segurança afastou o risco de maiores tumultos causados por manifestações, e as que houveram não foram suficientes para estragar a festa, desanimar o brasileiro, impedi-lo de ir aos estádios, torcer, cantar, gritar – chorar algumas vezes, paciência - mas contagiar o mundo outra vez com sua conhecida, querida e incomparável simpatia. Salvador, com sua vocação festeira, que é um dos atrativos da cidade, foi brindada com inesquecíveis partidas, gols, personagens, e uma mistura de povos estrangeiros, brasileiros e baianos que não se via há muito tempo!

A cada partida, cerca de 100 mil pessoas circularam entre o Estádio, Farol da Barra, Pelourinho, Rio Vermelho e Imbuí, cuja noite precisa ser integrada ao circuito turístico da cidade! E a Bahia pode continuar recebendo a mesma quantidade de pessoas em muitos outros momentos do ano, de diferentes lugares, propiciando o intercâmbio de culturas através do convívio nesses lugares e em outros, como as praias, Chapada Diamantina, etc. São muitos os atrativos no estado, alguns conhecidos internacionalmente, e muitos os interessados!

Mas, para isto é preciso que haja profissionalismo institucional também, técnicos que possam auxiliar gestores a identificar as atrações e os serviços que interessam ao turista, que conheçam o perfil dos povos que procuram Salvador - brasileiros, argentinos, chilenos, portugueses, espanhóis, franceses, italianos, alemães, holandeses, norte americanos, judeus, etc. – que possam indicar o que poderia mantê-los mais tempo na cidade, e auxiliar no planejamento, administração e fiscalização dos serviços. Tudo o que não houve na Copa! O atendimento no Brasil foi literalmente improvisado! Os turismólogos não foram aproveitados e a tal qualificação de profissionais foi pura falácia!

A experiência de agentes de viagens, hoteleiros e guias de turismo veteranos garantiu a boa recepção, apesar de manipulada, em parte, pela própria FIFA, que tem sua operadora e fez parcerias que acabou deixando muitos profissionais do país sem trabalho. Em Salvador, a Bahiatursa e o Sindicato de Guias de Turismo da Bahia passaram a intermediar o trabalho de guias – que são autônomos! - em grandes eventos, como o Carnaval, através de uma empresa criada para isto, a Check List Soluções, que pagou R$ 2.000,00 por um mês de trabalho na Copa, enquanto as agências de receptivo tradicionais pagaram até R$ 500,00 por um dia!

O Sindicato, que depende da Contribuição Sindical de todos os profissionais do estado, não garante o trabalho para todos eles nesses eventos, infringe a Lei 8.623, no Art 2º, que obriga o profissional a ser credenciado no Min. Turismo, aceitando ‘monitores’, pessoas não credenciadas, inexperientes, que são os indicados e protegidos de pessoas ligadas ao Turismo, que tiram as poucas opções dos profissionais.
O principal atrativo da cidade, o Pelourinho, a âncora que atrai turistas que também vão à Mangue Seco, Praia do Forte, Recôncavo Baiano, Morro de São Paulo, Chapada Diamamntina, etc., foi abandonado no governo de Jaques Wagner, do PT, é o mais deteriorado dos patrimônios da humanidade no Brasil, e nem os recursos abundantes para a Copa foi capaz de sensibilizar gestores e convencê-los a concluir a reforma! Atualmente o lugar é evitado pelos próprios baianos, e a agressão ao americano em pleno evento não foi um caso isolado.

O próximo governante terá muito trabalho para desocupar casarões ameaçados de desmoronamento, realocar indigentes e delinqüentes que infernizam o Centro da cidade, e garantir o acesso, segurança e bons serviços. A divulgação dos demais atrativos do estado também depende do bom atendimento no Centro Histórico. Nenhum hotel novo foi construído em Salvador para esta Copa! Mas, apesar destas e outras deficiências no receptivo da cidade, como mobilidade, estacionamento, banheiros públicos, etc., perfeitamente corrigíveis, Salvador continua sendo uma cidade atraente, desejada por pessoas de vários lugares, e importante para a indústria turística mundial, que a venderia muito mais, caso ela estivesse em melhores condições, e garantisse bom atendimento, comodidade, e segurança para quem quer vir.

Poucas cidades do mundo, inclusive entre as mais visitadas - Londres, Paris, Nova Iorque, Barcelona, Tóquio, etc. – tem identidade tão definida e tantos atrativos como Salvador: 50 km de praias ensolaradas o ano inteiro, uma baía imensa na sua frente, história, memória, comida, música, arte e povo!


A Copa mostrou tudo isto, só é preciso profissionais que criem as condições para receber turistas sempre, e que colaborem com a economia e a cultura da Bahia. Não são apenas a beleza e a fama que atraem mais de 80 milhões de turistas por ano à França, 60 milhões aos EE UU, 50 milhões à Espanha ou à China. É trabalho com profissionalismo!

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Surfista brasileiro promove Costa Rica para turismo de aventura

Bem amigos, enquanto o turismo de aventura cresce em percentuais jamais visto mundialmente temos a satisfação de conhecer Instituto Costarriquenho de Turismo - ICT, estima que cerca de 400 mil pessoas do solo brasileiro observarão o que o surfista, ganhador de 11 prêmios em nível mundial, estará realizando na Costa Rica.
Moacir Durães
O Instituto Costarriquenho de Turismo (ICT) e a Federação Costarriquenho de Surfe indicaram, por meio de uma entrevista coletiva, que Mineirinho irá promover o país, especialmente no Brasil.
"Queremos nos posicionar como um destino turístico de aventura integral em surfe e levando em conta outras atividades como o rafting e rappel, para mostrar tudo o que temos na Costa Rica", manifestou o diretor de mercado do ICT, Alejandro Castro.
Mineirinho, através de suas redes sociais, promoverá a Costa Rica contando como será sua experiência durante a semana que estará no país e mostrará uma série de vídeos nos quais exporá as atividades de aventura que podem ser realizadas.
"Estou muito contente de estar na Costa Rica, esta é a quarta vez que estou neste formoso país. Para mim é uma honra estar aqui, me encanta sua gente e sua comida. Esta vez será uma viagem diferente onde promoverei o turismo e suas praias", disse o surfista aos meios de comunicação.
Em 2013, a Costa Rica recebeu 2,34 milhões de turistas estrangeiros que geraram divisas de cerca de US$ 2,3 bilhões, dos quais 16 mil foram visitantes brasileiros, enquanto a maioria procedia dos Estados Unidos (52%).
Dados do ICT indicam que 250 mil pessoas que ingressaram ao país pela via aérea, praticaram o surfe ou pelo menos realizaram esta atividade durante sua estadia. Como parte da estratégia de marketing, o ICT desenvolverá uma campanha cooperativa em conjunto com a agência de viagens brasileira Welcome Surfe Trips a fim de expor o surfe.
Além disso, serão colocados anúncios em revistas especializadas no Brasil, cartazes promocionais e sites que permitam expor internacionalmente o país como destino de aventura.
A Costa Rica já abrigou vários eventos internacionais de aventura, entre eles, o Mundial de Surfe em 2009, o Campeonato Centro-Americano de Surfe e o Mundial de Rafting, ambos disputados em 2011, assim como o Mundial de Aventura realizado no ano passado.
O turismo é um dos principais motores da economia da Costa Rica, um país de 4,7 milhões de habitante, que emprega diretamente 150 mil pessoas e de forma indireta outras 400 mil. O país centro-americano abriga cerca de 4,5% da biodiversidade do planeta, que se torna em um de seus principais atrativos. EFE
Fonte: http://exame.abril.com.br/estilo-de-vida/noticias/mineirinho-promovera-costa-rica-como-destino-turistico-de-aventura